Missão Polaris Dawn tem quatro tripulantes e planeja atingir ponto mais distante da Terra já alcançado por humanos desde o fim do programa Apollo, em 1972. Ela deve ter cinco dias de duração.
O lançamento do Falcon 9 ocorreu depois de dois adiamentos, no fim de agosto, por causa de previsões meteorológicas desfavoráveis. Desde então, as equipes da SpaceX monitoravam as condições para determinar as possíveis janelas de lançamento.
Batizada de Polaris Dawn, a missão poderá atingir outro feito quando for lançada: alcançar 1.400 km de altitude, o que será o ponto mais distante da Terra alcançado por humanos desde o programa Apollo, encerrado em 1972. A Estação Espacial Internacional (ISS), por exemplo, fica a 420 km da Terra.
Após o lançamento, a Crew Dragon atingiu a órbita cerca de nove minutos e meio depois, segundo a agência Reuters. Imagens ao vivo da SpaceX também mostraram a Crew Dragon se separando do segundo estágio, revelando uma vista dela viajando sobre a Terra iluminada pelo sol.
O foguete Falcon 9, que levou a Crew Dragon ao espaço, pousou em segurança em uma plataforma marítima.
A empresa prevê um voo de cinco dias com quatro civis (saiba mais abaixo sobre os passageiros). No terceiro dia, dois passageiros da Polaris Dawn poderão deixar a nave e flutuar no espaço por alguns instantes, a 700 km da Terra.
Esta é a primeira missão do programa Polaris, organizado pelo bilionário Jared Isaacman, um dos passageiros deste voo. Outros dois voos dentro dessa iniciativa são previstos pela SpaceX, incluindo um com a Starship, a maior nave espacial do mundo.
Nave Crew Dragon e foguete Falcon 9 posicionados para decolagem da missão Polaris Dawn da SpaceX — Foto: Space X/X
Como será a caminhada espacial?
Flutuar no espaço exigirá uma preparação nas 45 horas anteriores, segundo a agência de notícias Reuters.
Os tripulantes passarão por um processo de "pré-respiração", voltado para preencher a cabine da nave apenas com oxigênio. A ideia é evitar a presença de nitrogênio, que, se estiver na corrente sanguínea, pode bloquear o fluxo de sangue nos passageiros.
Antes da saída, a Crew Dragon é despressurizada e exposta ao vácuo do espaço. A caminhada espacial também exige trajes específicos, que foram desenvolvidos pela SpaceX para esta missão.
O uniforme batizado de traje para atividade extraveicular (EVA, na sigla em inglês) foi fabricado com materiais dos foguetes da empresa, um visor e uma câmera de última geração no capacete, além de tecidos térmicos e um design que promete dar mais mobilidade aos astronautas.
Representantes da SpaceX e os passageiros da Polaris Dawn dizem que planejaram vários cenários de contingência caso algo dê errado na missão, como vazamento de oxigênio ou falha para vedar novamente o domo da Crew Dragon.
A SpaceX desenvolveu uma roupa espacial própria para a missão Polaris Dawn. — Foto: Reprodução
Quem são os passageiros?
Isaacman tem uma fortuna de quase US$ 2 bilhões (R$ 11 bilhões). Ele é o único da tripulação com experiência em voos espaciais – em 2021, ele financiou a Inspiration4, primeira missão espacial totalmente civil a orbitar a Terra.
O empresário também está financiando o programa Polaris e, apesar dele ter se recusado a dizer quanto gastou, estima-se que o valor tenha chegado a US$ 100 milhões (R$ 550 milhões), segundo a Reuters.
Os passageiros se prepararam durante dois anos para a missão, período em que treinaram paraquedismo, pilotagem de aeronaves, voo em gravidade zero, entre outras técnicas.
Biolionário Jared Isaacman olhando para a Terra através do domo da cápsula da SpaceX, na primeira missão a enviar apenas civis ao espaço, sem um astronauta profissional, em 2021 — Foto: Redes sociais/Inspiration4
Qual o objetivo da missão?
Além do turismo espacial, a missão servirá para realizar 36 experimentos científicos. Um deles, com a Universidade do Colorado em Boulder, nos EUA, usará lentes de contato inteligentes para medir como uma altitude tão significativa altera o organismo, em especial a pressão intraocular.
O objetivo é pesquisar a chamada Síndrome Neuro-ocular Associada a Viagem Espacial (SANS, na sigla em inglês). A presença prolongada no espaço faz fluidos do corpo se deslocam para a cabeça, exercendo pressão sobre os olhos. A SANS pode alterar a capacidade de foco, em alguns casos de forma permanente.
Uma das pesquisas realizadas na missão será feita com o uso de lente de contato inteligente. — Foto: Reprodução
Detalhes da missão Polaris Dawn — Foto: Arte/g1