Categoria também fez protestos e ocupou da Secretaria de Educação, após assembleia nesta segunda-feira (14). Eles reivindicam revogação da portaria e outras mudanças.



Professores da rede municipal de ensino de Feira de Santana, segunda maior cidade da Bahia, iniciaram nesta segunda-feira (14) uma paralisação de três dias em protesto contra mudanças na carga horária da categoria.

A decisão foi aprovada em assembleia realizada pela Sindicado dos Trabalhadores em Educação do estado da Bahia (APLB), que contou com a presença dos trabalhadores.

A paralisação segue até a próxima quarta-feira (16), conforme informou a presidente do sindicato, Marlede Oliveira.

Segundo a APLB, a medida foi motivada por uma portaria publicada no último sábado (12) no Diário Oficial do Município (DOM), que reorganiza a jornada de trabalho dos professores, estabelecendo novas regras para as chamadas Atividades Complementares (AC), como planejamento, reuniões pedagógicas e alimentação de sistemas escolares.

Em fevereiro deste ano, o sindicato já havia se posicionado contra qualquer aumento na carga horária dos docentes.

Mobilização do APLB

Logo após a assembleia desta segunda-feira (14), os professores seguiram em caminhada até a sede da Secretaria Municipal de Educação (Seduc), onde ocuparam o local.

A categoria cobra a revogação da portaria, que, segundo o sindicato, desrespeita a lei ao aumentar o tempo de permanência dos professores em sala de aula e não garantir a reserva legal de um terço da jornada para atividades extraclasse.

A APLB também cobra o cumprimento da reserva de carga horária para professores contratados via Regime Especial de Direito Administrativo (Reda) e da Educação de Jovens e Adultos (EJA).

O que diz a Secretaria Municipal de Educação

Em nota oficial, a secretaria de educação informou que a Portaria nº 007/2025 está em conformidade com a Lei Federal nº 11.738/2008, que trata do piso salarial dos profissionais do magistério público, e com o Parecer nº 18/2012 do Conselho Nacional de Educação (CNE), que orienta sobre a composição da jornada de trabalho dos docentes.

Segundo a legislação, dois terços da carga horária dos professores devem ser destinados à interação com os alunos em sala de aula, enquanto o terço restante deve contemplar atividades extraclasse, como planejamento, correção de provas e estudos.

A pasta também informou que a carga horária será ajustada conforme o vínculo de cada professor:

  • Professores com 40 horas semanais devem cumprir 26h40 com alunos e 13h20 em atividades extraclasse
  • Professores com 20 horas semanais devem cumprir 13h20 em sala e 6h40 em atividades complementares.

Ainda conforme a secretaria, as mudanças tem como objetivo garantir mais equilíbrio na jornada e valorização da carreira docente. A gestão municipal se comprometeu também com o novo piso salarial nacional, fixado em R$ 4.867,77.

Outra paralisação

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Professores municipais fazem paralisação em Feira de Santana, na Bahia

Os professores da rede municipal já tinham feito outra paralisação de 24h, no mês passado, para cobrar o pagamento do piso salarial da categoria, além da alteração de carga horária, pagamento de precatórios e da tabela salarial.

Na ocasião, a categoria realizou um protesto em frente à Secretaria Municipal de Educação (Seduc) para exigir a negociação. Segundo o Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia (APLB) - Feira, 13 pontos são reivindicados pela categoria. São eles:

  • pagamento do piso para os professores primários e reajuste de 6,27% no piso para os demais;
  • efrormulação do Plano de Carreira;
  • licenças-prêmio e pecúnia;
  • eleição para diretores e vices;
  • melhores condições de trabalho, equipamentos e materiais escolares;
  • ⁠falta de professores e funcionários;
  • educação inclusiva e de qualidade;
  • formação continuada;
  • cumprimento do Plano Municipal de Educação;
  • reserva de 1/3 da carga horária para os professores da Educação de Jovens e Adultos (EJA) e do Regime Especial de Direito Administrativo (REDA);
  • pagamento dos precatórios do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef);
  • aposentadorias;
  • ⁠concurso público 2024;
  • cumprimento das decisões judiciais: alteração de carga horária, mudança de referência e devolução dos salários cortados em 2020.

Confira a nota da Seduc na íntegra:

"A Secretaria Municipal de Educação informa que foi publicada, no último sábado (12/04), a Portaria nº 007/2025, que estabelece ajustes na carga horária dos professores da rede municipal de ensino. A medida segue o que determina a Lei Federal nº 11.738/2008, que institui o piso salarial profissional nacional para os profissionais do magistério público da educação básica, e o Parecer CNE/CEB nº 18/2012, que orienta sobre a composição da jornada de trabalho dos docentes.

De acordo com a legislação vigente, até dois terços da carga horária do professor podem ser destinados às atividades de interação com os alunos, em sala de aula. O terço restante deve ser reservado para atividades extraclasse, como planejamento, correção de provas e estudos.

O Ministério da Educação também publicou, por meio da Portaria nº 77/2025, o novo valor do piso salarial nacional do magistério, fixado em R$ 4.867,77, conforme previsto na Lei nº 11.738/2008.

O Parecer CNE/CEB nº 18/2012 esclarece ainda que a organização da jornada deve ser aplicada individualmente, conforme a carga horária contratada por cada docente. Sendo assim:

-Professores com carga horária de 40 horas semanais devem cumprir cerca de 26h40 com os alunos e 13h20 em atividades extraclasse;

-Professores com carga horária de 20 horas semanais devem cumprir 13h20 com os alunos e 6h40 em atividades extraclasse.

Na prática, na rede municipal de ensino:

-13h20 com os alunos equivalem a 16 aulas de 50 minutos;

-6h40 de atividades extraclasse correspondem a 8 aulas de 50 minutos.

Reforçamos que todas as mudanças estão em conformidade com a legislação e têm como objetivo valorizar os profissionais da educação e garantir uma jornada mais equilibrada e produtiva.

A Secretaria Municipal de Educação reafirma seu compromisso com uma educação pública de qualidade, baseada no respeito aos direitos dos educadores e no fortalecimento do processo de ensino-aprendizagem".






Fonte: g1